Tucurizal

"Tucurizal 6 de maio de 1828. Atirou-se a primeira canoa à água. Pouco faltou que na descida ela se despedaçasse de encontro às rochas, porque a camaradagem, não podendo retê-la, deixou-a descer pelo plano inclinado. No dia 7 arrastou-se a segunda canoa com precauções, mas tão pouca perícia, que não puderam deixar de saltar os cabos que a retinham... O resto desse dia e o seguinte até meio-dia foram empregados nas reparações da canoa. Por ela e pela outra distribuiu-se todo o carregamento e excedente que se perdera. O resto ficou em terra dentro de uma barraca, tendo o sr. cônsul intenção de parar uma légua abaixo numa mata chamada Tucurizal para fazer uma canoa, sendo então fácil mandar buscar esses objetos e mantimentos.

Partimos com efeito para essa floresta de tucuris, à qual chegamos com uma hora de navegação... Nossas embarcações eram todas de madeira tucuri, muito quebradiça, contudo, de que davam prova a segunda canoa e a proa da terceira que se desfizeram em pedacinhos, como se foram vidro. O tucuri é de grande socorro para o índio e o viajante. Carrega extraordinariamente, e cada coco basta para fartar um homem... Na nossa estada no Diamantino, muito se regozijava o sr. Langsdorff com a idéia de que ia ver o tucuri. Pelo que diz, era árvore quase desconhecida na Europa, tendo tido muitas expressas recomendações de sábios para colher todas as indicações possíveis a seu respeito. Não pude desenhar senão o fruto e a folha, a qual tem três decímetros de comprimento, é lanceolada e pendente".

(Hércules Florence)